Um projeto Departamento, Isabel Lima e Pedro Campos Costa desenvolvido em parceria com a Câmara Municipal de Loures.

Beatriz Borges

“OCULTO”

POR BEATRIZ BORGES

A privacidade e a relação que temos com o espaço foi um tema que teve para mim um grande impacto nos últimos anos. A linha entre o íntimo e como nos expomos depende de cada pessoa, é tão individual como a própria personalidade.

Esta linha, por vezes frágil, por vezes convergente, que separa os olhares do mundo da nossa essência, une-se e relaciona-se de maneira única com os espaços onde vivemos. Um apartamento rapidamente pode passar a ser uma casa. Um local no qual somos e expressamos o nosso Eu mais puro. Esta relação do Eu do mundo e do Eu só, que no final é o mesmo, constrói-se e molda-se ao longo da vida, nunca sozinho, sempre um com o outro, a descobrir, evoluir e revelar simultaneamente, o que na realidade é.

Neste projeto quis trabalhar esta linha comum aos dois lados do ser. Explorá-la e entender como se comporta.

Ainda com a mesma ideologia, a peça mostra em loop como o espaço nos impacta e como o impactamos. Ou seja, o contraste entre a estrutura, algo representativo de nada, para o quarto decorado e planeado à sua medida.

A pessoa que nele vive tem sentimentos e relações para com os objetos, espaço, divisões e características que o compõem. Pode significar-lhe tudo, pode ser indiferente, pode simbolizar uma vida conflituosa, mas independentemente do seu significado, os sentimentos projetam-se no quarto, e isso é o que está a ser comparado no vídeo. A projeção de memórias, sentimentos e vivências num espaço em contraste com um lugar em que nada ainda fora significativo.

Uma vida em oposição ao planeamento de uma outra. A história da humanidade comparada com a inexistência de qualquer humano. O tudo confrontado com o nada.

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